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Moradores do bairro da Raiz, na Zona Sul de
Manaus, tentam se locomover nas áreas alagadas
(Foto: Carlos Eduardo Matos/G1) |
O nível do rio Negro bateu, nesta quarta-feira (16), o recorde da maior
cheia registrada nos últimos cem anos, de acordo com a Superintendência
de Navegação, Portos e Hidrovias do
Amazonas
(SNPH). A cota chegou a 29,78 m, superando em 1cm a cota registrada em
2009, quando o nível do rio chegou a 29,77 m, o maior registro até
então.
De acordo com a última previsão da Companhia de Pesquisa em Recursos
Minerais (CPRM), feita no dia 30 de abril, o nível do rio Negro deve
subir no máximo até 30,13 m. O superintendente regional da CRPM, Marco
Antônio, disse ao G1 que o ritmo de subida do rio deve diminuir nos próximos dias.
A situação é mais preocupante em bairros como Glória, Presidente
Vargas, São Raimundo, São Jorge, Educandos, Betânia e Raiz, onde
diversas casas estão submersas. Todos eles, localizados na área central
de
Manaus, foram prejudicados pela cheia de 2009.
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Morador conserta tubulação deteriorada pela água (Foto: Marcos Dantas/G1) |
"Várias pessoas estão sofrendo e eu fui uma das que não receberam
madeira suficiente", diz a dona de casa Ivone Nascimento, que como
muitos moradores da região teve de levantar o piso de sua residência.
Do lado de fora da casa de Ivone, as pontes de tábua são improvisadas
entre casas habitadas e abandonadas; vielas surgem, e o conjunto de
residências se transforma em um labirinto perigoso para quem não conhece
a área, onde pessoas e animais, fogem da força do rio, que avança e
invade que há pela frente.
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A dona de casa Ivone Nascimento mora com mais
dez pessoas em uma residência que, agora, devido à
cheia, tem somente um cômodo (Foto: Marcos
Dantas/G1) |
Na casa de Ivone, todos agora dividem um cômodo só, onde dormem, tomam
banho, fazem comida. Ela reclama que não recebeu a madeira necessária
para elevar a casa toda, e por isso alguns cômodos tiveram que ser
temporariamente interditados. "Somos 11 pessoas aqui, sendo duas
crianças de menos de um ano", diz.
Ivone se emociona ao falar da vontade de deixar o local, e conta que
animais perigosos ameaçam a integridade dos moradores da casa (veja
abaixo a fachada da casa dela antes e depois do alagamento). "Eu quero
sair daqui, não quero que meus filhos e netos passem por esse
sofrimento. Perdemos coisas que lutamos muito para conquistar. Além
disso, já apareceu uma cobra e um jacaré que quebrou o cano de um
vizinho", conta.
Alcinéia Barbosa, nora de Ivone, mora na mesma região e diz que se
preocupa com a saúde dos filhos, que estão ficando doentes. "Não dá para
se acostumar com uma situação dessa, temos muitas crianças aqui, e elas
adoecem por entrar em contato com essa que água. As crianças estão com
vômito, diarreia e febre", afirma.
O técnico em eletrônica Pedro Martins, de 45 anos, mora há 28 na casa
que está completamente inundada. "Minha casa está a seis metros de
distância do chão, e hoje está com água até a metade. Construí pontes
para não ter que pisar na água, o banheiro é improvisado dentro de casa,
e o esgoto, despejado no rio", diz.
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O técnico em eletrônica Pedro Martins conta que sua casa está a seis metros do chão (Foto: Marcos Dantas/G1) |
A cheia também invadiu ruas do Centro de Manaus. A Avenida Eduardo
Ribiero, uma principais da capital, está alagada. O tráfego de carros no
local está interditado desde segunda-feira (14). Montes de madeira
tantam facilitar a passagem de pedestres na área, mas comerciantes
locais temem prejuízos.
A Rua dos Barés, também no Centro, ficou inundada pela cheia de 2009. O
local voltou a ser alagado em 2012. Desde o começo do mês, comerciantes
tentam se preparar para o avanço da água.
Segundo a Prefeitura, a inundação deve expulsar os 840 feirantes da
Manaus Moderna. Uma uma feira provisória vai abrigar os permissionários,
localizada na orla da cidade. A feira, segundo a Prefeitura, está sendo
construída na Avenida Lourenço Braga. A previsão é concluir a
construção dentro de dez dias.
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Visão geral da Avenida Eduardo Ribeiro, localizada no Centro de Manaus (Foto: Tiago Melo/G1) |
Ações emergenciais
O Plano Emergencial de Resposta aos Desastres possibilitará a
construção de pontes de madeira, além de ações básicas de saúde, como a
distribuição de medicamentos e cartilhas, e também a concessão do
'Cartão Enchente', que doará um benefício financeiro no valor de R$ 400
para pessoas cadastradas e comprovadamente prejudicadas pela enchente.
Um programa emergencial de ajuda financeira às famílias afetadas também foi anunciado
pelo poder municipal. O valor do auxílio de R$ 600 será destinado para
as famílias cadastradas pela Defesa Civil Municipal. O dinheiro vai
ajudar as pessoas em dificuldades extremas.
Ponte tenta facilitar passagem de pedestres pelas ruas do centro (Foto: Tiago Melo/G1)
A Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos informa
que 3,8 mil famílias já foram cadastradas nos bairros São Raimundo,
Glória e Raiz. Ainda restam outras áreas, como São Jorge e Presidente
Vargas (Matinha). Por isso, a previsão é que 6 mil famílias sejam
cadastradas pela Prefeitura.
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Fonte: http://g1.globo.com/amazonas/noticia/2012/05/com-2978m-rio-negro-tem-novo-recorde-e-ultrapassa-cheia-de-2009